O cannabidiol é um derivado da planta Cannabis, popularmente conhecida como maconha. Há tempos conhecido apenas como um produto químico, recentemente ganhou notoriedade por seu uso medicinal, o que fez com que sua legalização começasse a ser cogitada – mas, apesar de ainda ilegal no Brasil, já é possível importá-lo para uso em tratamento médico, desde que com autorização da ANVISA e uma receita assinada por seu médico.
Cannabidiol para tratamento de Alzheimer
A demência de Alzheimer (DA) é a doença neurodegenerativa mais comum no mundo e a principal causa de dependência funcional e morte de idosos no Brasil. É caracterizada pela degeneração do cérebro, de forma progressiva e irreversível, afetando a memória, o pensamento e, em alguns casos, a habilidade motora. Por não ter cura ainda conhecida, os tratamentos consistem apenas em retardar a progressão da doença, garantindo mais qualidade de vida aos pacientes.
Os estudos científicos sugerem que a Cannabis medicinal é uma terapia promissora para auxiliar nesse tratamento, pois apresenta poucos efeitos colaterais e age nos principais mecanismos fisiopatológicos da doença, como na redução da neuroinflamação e na regulação de neurotransmissores. Além disso, os fitocanabinoides também apresentam potenciais resultados no combate aos sintomas decorrentes do Alzheimer e outras demências. O uso adjuvante dos derivados canabinoides melhora o bem-estar e a qualidade de vida dos pacientes e seus cuidadores em quadros de agitação psicomotora, redução do apetite e transtornos do sono.
Quanto à redução da neuroinflamação, um estudo pré clinico publicado em 2014 no Journal of Alzheimer’s Disease analisou os efeitos terapêuticos do THC na doença. Os resultados mostraram que esse fitocanabinoide ajudou a retardar a deposição das placas beta-amiloides – aglomerados de proteínas que se acumulam no cérebro indicando o início e progressão da doença de Alzheimer. Mas, é importante ressaltar que o resultado depende dos hábitos de vida do indivíduo, apresentando melhorias mais significativas em pessoas adeptas de uma vida saudável.
Cannabis medicinal para tratamento de Parkinson
A Doença de Parkinson é outra doença relacionada à neuroinflamação e estresse oxidativo, que induz à morte de redes neuronais específicas. Essa é a segunda doença neurodegenerativa mais comum no mundo. É causada pela diminuição da dopamina – neurotransmissor responsável pelo transporte dos impulsos nervosos de um ponto a outro, facilitando o caminho dos comandos emitidos pelo cérebro até cada parte do corpo. Quando ocorre essa ausência, o sistema nervoso central fica comprometido.
Os derivados canabinoides, por meio de diferentes ações neuroprotetoras, são capazes de promover a redução dos sintomas motores e não motores da doença.
É o que mostra uma pesquisa alemã publicada em 2021, realizada através de um questionário com 1.348 participantes. Destes, 8,4% eram usuários de Cannabis Medicinal. Os resultados no grupo de usuários incluem redução da dor e cãibras musculares (40%) e melhora em relação à rigidez, tremores, depressão e ansiedade (20%). Interessante notar, que em relação ao uso comparativo do CBD e do THC, o segundo foi mais efetivo: 68% dos usuários de produtos ricos em THC apontaram melhoras nos sintomas parkinsonianos. Entre os usuários de produtos ricos em CBD, 54% relataram melhoras.

Atualmente no Brasil já é possível fazer o tratamento de forma legal e conseguir a medicação com menos burocracia. Para isso é necessário receita e relatório médico, além de um acompanhamento rigoroso para garantir a eficácia do tratamento. Hoje já é possível adquirir o óleo por meio de importação, associações de pacientes e até mesmo em farmácias comuns.